segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cheiro de saudades


 
Estamos de vizinhos novos e pelo visto eles gostam de cozinhar, pois o odor de temperos está se impregnando nas paredes do corredor.
A noite ou ao meio dia, quando abro a porta do edifício o cheiro forte de alho já penetra em minhas narinas e fica por horas dificultando meu dicernimento de outros sabores. Não sou vampiro, mas odeio alho. Não pensei que odiava tanto. Não conheço bem os vizinhos novos, mas penso que também já os odeio. Hehehe.
A propósito de cheiros, dia desses, no meio da tarde, sai do trabalho e fui pra casa. Sabia que não estavas, mas quando comecei a subir as escadas senti aquele cheiro de café passado que provoca ótimas lembranças e mexe com todos os meus sentimentos. Meus olhos brilharam, e meu coração acelerou. Fazia três dias que estavas fora e fiquei feliz pela surpresa. O cheiro gostoso do café pairava no ar do corredor e quando abri a porta... que frustração!!! No apartamento desapareceu o cheiro, não tinha nenhuma cafeteira ligada e tu não estavas, não tinhas voltado da tua pequena viagem.
Preparei uma xícara de café solúvel, saboreei-o, mas o vazio da tua ausência ficou em mim marcado.
Depois disto, já tomamos outros cafés juntos, mas aquela tarde foi assim. Um cheiro, uma saudade, a tua ausência, uma frustração e a valorização dos sentidos e dos sentimentos.

3 comentários:

  1. Já eu adoro alho, adoro temperos em geral mas logo pela manhã não me apetece sentir esse tipo de cheiro.

    Coisa intrigante é a força da memória olfativa, não?

    Um beijo.

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  2. eu adoro os cheiros bons, particularmente das pessoas que me querem bem!
    tenho uma memória olfativa inquietante [até para mim - quem sabe se porque meu signo chinês é "cão"... -] assim, também pressinto quem me quer mal, vou sempre atrás [são-me imprescindiveis as certezas], faz-me raiva, mas faço questão de continuar resistente ao ódio. confesso-te, porém: por vezes assusto-me, quando me parece chegar-me bem lá do fundo, de um lugar que eu tranquei e deitei a chave fora um tal bicho que é ruim e que talvez se chame ódio...
    quando acordei, pela manhã, senti o aroma do café..., pela noite um anjo da guarda me visitou e tomou do meu café.
    adoro café!
    há momentos em que me é tão imprescindivel o cheiro do café quanto as certezas!
    momentos em que o café sabe melhor na companhia de quem me quer bem!
    curto e bem quente, em copo de vidro pequenino e muito fino
    abraço, Paulo.

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  3. Paulo, remetida: 'Tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso'. Caio F.

    Abraços, Pri!

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